É sabido que não falamos de tudo a toda a gente, que há
conversas e assuntos que não se abordam com todos os nossos amigos… há pessoas
do Sporting a quem não podemos falar do Benfica, pessoas de direita a quem não
podemos falar da esquerda… e fazemos isso de forma natural e sem pensar.
Ajustamos-nos para evitar algum desconforto ou confronto, quando desejamos viver comodamente
nos “cafés ou almoços” ocasionais com gente bonita que desejamos perto. Quando
o "não falar" é tranquilo e não se reveste de importância identitária para nós, tudo se mantém normal, socialmente e superficialmente confortável.
O aborrecido é quando aquilo que nos é natural tem de ser a
todo o tempo suprimido… Quando o “não falar” ou “o falar” sobre alguma coisa se
torna violento interiormente.
Quando entramos neste nível, em que o “não
falar” e “o falar” têm o mesmo peso e requerem o mesmo esforço, aqui está a deixa
que mostra não fazer sentido o “café ou o almoço”, deixa de fazer sentido a
relação nestes moldes de "partilha" e proximidade.
Mantém-se a admiração, o amor, o carinho e desaparece a comunicação.
Aqui a melhor e mais sábia solução é a distância, a memória e o
sorriso por alguém que nos ajuda e desafia a crescer e a afirmar o que somos,
pensamos e defendemos no momento. Na certeza que tudo isto muda de um dia para
o outro.
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