Ela vive apaixonada, sorri ao mundo, gosta do que vê no espelho e do que vê no horizonte, não esconde uma gargalhada, não evita abraços, não desvia os olhos do caminho e não procura o confronto. Tem riquezas inimagináveis, a família, os seus mortos e o amor dos amigos, corpos presentes, suportes constantes em tudo o que faz e tudo o que é, orações por tudo o que há-de ser. Sentir-se amada não se compara a nada e é a verdadeira preciosidade de uma longa e preenchida vida. Um diamante raro que guarda com gratidão e cuidado.
Vai a jogo, sonha, dança, põe creme na cara e arranja o cabelo tanto com flores como com escova. Sente-se livre, mas não dirá que é livre. A liberdade dela impele-a para os outros, para fora de si, para algo que teme não compreender nem controlar. Não se basta e isso aborrece-a.
- Afinal, não nos temos só a nós? pergunta impaciente.
Resumindo: vive apaixonada com medo de se apaixonar.
Um armazém ao serviço da curiosidade e da alegria... da curiosidade por tudo, da alegria por encontrar o que é meu ou aquilo que me espanta os sentidos. Um armazém da vida ou da parte dela que faz sentido partilhar.
sexta-feira, 15 de maio de 2020
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