quarta-feira, 5 de maio de 2021

Carta


Hoje recebi uma carta envaida há 4 anos e 4 meses. Dentro chegou um postal de Natal que fala de amor e do Amor. Um gesto de amizade e generosidade que me emocionou muito. Se somarmos os dois algarismos das unidades de tempo que compoêm a distância que separa a escrita da recepção, damos de cara com o número oito e se deitarmos esse oito veremos nele o infinito. Esse também é um simbolo do Amor. Este intervalo a vida fez-se surpresa em tantas coisas, tantos riscos, tantas perdas e ganhos, num saldo claramente positivo. Tantos desafios aceites, tantos caminhos percorridos, tantos motivos para agradecer. Uma carta que chega passado este tempo todo é mote para pesar o tempo na balança das palavras trazendo à memória as reconstruções sucessivas do edificio que sou. 

Desde 2016 eu a Andreia mudámos de morada, juntámos e serpámos sonhos, amanheceram coisas novas em nós e connosco e neste devir não perdemos a ligação ao mais importante, àquilo que invocamos em unissono independentemente da distânia. É isto o Amor. Obrigada amiga.

Há quatro anos eu não podia imaginar-me "ainda" aqui e neste intervalo de infinito já me imaginei em tantos sitios, alguns chegaram mesmo a ser pisados, experimentados... Para dizer a verdade não sei quanto tempo estará contido neste "oito deitado", houve dias que pareceram segundos e segundos que se assemelharam a anos. É curvo e contorcido este tempo, grafado numa linearidade enleada, alternado entre novelo e meada, meada e novelo... 

Gosto de imaginar que se esta carta me encontrou aqui, e no dia em que me encontrou, confirma o tempo e o espaço que estou a viver. 

Que outras cartas já foram escritas e esperam para serem encontradas noutras moradas? 

Seguimos juntas!

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