segunda-feira, 17 de abril de 2023

Reencontros

No espaço de dois dias encontrei em sítios e contextos diferentes duas pessoas que não via há mais de 20 anos. O primeiro momento é aquele encontro de olhares de alguém que se reconhece, mas a quem a memória não é suficientemente rápida para decifrar factos, apenas sensações.
Estes poucos segundos são de curiosidade e incómodo. Normalmente são cortados com um sorriso (eu pelo menos não consigo estar muito tempo a olhar fixamente para uma pessoa sem estabelecer com ela alguma interação), rio para ganhar tempo.
Em ambos os momentos a pessoa à minha frente disse o meu nome e sorriu também.
Uma delas disse: "sabes Cláudia eu sabia que te conhecia, mas foi ao ver o teu sorriso que o teu nome saltou, os teus olhos continuam iguais."
Para uma pessoa que muda várias vezes de cor de cabelo, que foi mudando ao longo dos anos, que vive longe dos sítios que a viram crescer este tipo de encontros é uma benção.
Alguém me reconhecer pelo sorriso é de um conforto sem explicação.
Quero ainda fixar-me naquela fração de segundo que o cérebro não consegue apresentar factos, mas que o coração assegura que o que viveste com aquela pessoa foi bom, a sensação que vem ao de cima é de alegria e nessa infima fração de segundo sabes que já te riste com a pessoa, que ela te acolheu, te desafiou, que gostas dela. Podes não saber o nome nem fixar na linha cronológica o tempo exacto que partilharam, mas sabes, sem dúvida, que é um reencontro bom. Pode ser desta dimensão ou de outra, não precisas de factos para sorrir e agradecer o reencontro.



Sofia Areal

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