segunda-feira, 17 de abril de 2023

A vida nos filmes e a Juliette Binoche

Há dias vi o filme Clara and Claire com a Juliette Binoche que me tocou.
Acredito que as aplicações de encontros têm coisas boas. Democratizam os acessos.
Não se conhecem só as pessoas da mesma aldeia, da mesma idade, da mesma tribo ideológica, da mesma escola ou do mesmo trabalho, abrem-se novas possibilidades.
Mas a abordagem por "mensagem" é uma abordagem plana, em que lemos mais o que somos do que o que o outro é. Aqui a possibilidade de engano (ou de ilusão) é elevada ao seu expoente máximo.
Há pessoas que nas primeiras abordagens querem ouvir a voz do seu interlocutor o que dá (literalmente e metaforicamente) volume ao outro. Na voz adivinhas formas, trejeitos, origens, velocidades, mas ainda continuas no teu mundo. É bonita a ideia das pessoas gostarem de ouvir a voz umas das outras.
No meio disto tudo estão as carências e as projeções de todos os que vão a jogo com mais ou menos responsabilidade afectiva.
O filme Clara e Clare é surpreendente, por isso, tem diferentes níveis de leitura e a mim enquanto mulher tocou-me bastante.
A intimidade que podemos ter a falar com um desconhecido on-line é de uma superficialidade e facilidade surpreendentes, ao "fundo" só conseguimos ir com a presença, pois só ela nos permite podemos ser agarrados.
Acredito que o que dá densidade às relações são os encontros. Corpo e tempo conjugados no presente do verbo estar.




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