sábado, 3 de agosto de 2019

Insurgência...

Fui ouvir Pilar Del Rio à Casa Ninja em Lisboa a propósito da Insurgência Feminista na América Latina. Fantástico conhecer mulheres controversas como as mexicanas Malinche (1502-1529) ou Soror Juana Inês de la Cruz (1648-1695) ou o movimento das Mães da Praça de Maio na Argentina (a partir de 1977), entre muitos outros exemplos de vidas e de lutas que na maior parte das vezes não se chamava feminismo mas que era sempre uma luta pela justiça.
O discurso fez-me pensar, afinal é para isso que servem as "charlas".
Falamos de machismo e feminismo e tantas vezes reduzimos ou confundimos a questões de género.
Entendo que o machismo ganhou o espaço que ganhou por causa de homens e mulheres. Não é um absoluto de género, a prova é que muitas das atrocidades causadas às mulheres são perpetradas pelas próprias mulheres na educação diferenciada que dão aos seus filhos (uma para meninos e outra para meninas) ou na mutilação genital feminina, só para dar dois exemplos, que a lista é grande e difere de região para região.
Enquanto nós, mulheres, não assumirmos a responsabilidade na edificação e perpetuação deste injusto mundo machista não estaremos verdadeiramente ao serviço do feminismo. E por causa dos tantos anos e hábitos sabemos todas que é uma tarefa árdua. 
Por outro lado, o feminismo não é uma "luta" de mulheres. Para mim, o "verdadeiro feminismo" não é o radical como diz a valente, divertida e provocadora Barbijaputa, mas sim aquele que une mulheres e homens num mesmo ideal. Sem isto, estaremos só a falar de poder.
Sem os homens não será possível edificar uma sociedade verdadeiramente feminista como não foi possível fazê-la machista sem as mulheres. 
E nunca é de mais lembrar a diferença entre os conceitos, o machismo defende que os homens são superiores às mulheres, o feminismo defende a igualdade de direitos, liberdade e respeito entre todos.
O primeiro é exclusivo o segundo é inclusivo e nesta "inclusividade" abre-se um mundo inteiro de possibilidade e abertura aos outros e às suas diferenças, de flexibilidade, de respeito e de liberdade com o qual me identifico plenamente. Nos discursos feministas, falta algumas vezes este lado tão feminino que felizmente encontro em tantos homens e mulheres "normais", que o praticam no ordinário dos dias.

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