domingo, 11 de junho de 2017

Caminho...

Saio da casa, fecho o portão da rua, arrumo a chave no bolso direito da mochila e sigo pela esquerda em direcção a um dos escritórios. Para este, faço um atalho por um campus universitário, um espaço com uma arquitectura da qual gosto muito. Um espaço a precisar de cuidado e no qual passo como que a viajar no tempo, imaginando uma herança de outros (ou minha também). Subo e desço, pequenos lances de escadas protegidos do sol por alpendres que trazem sombra ao caminho, habitado por alunos que esperam aulas. Estas passagens frescas cruzam jardins interiores, com árvores e arbustos onde se pavoneiam os mais variados animais, dos quais sempre me encantam as galinhas pretas com pintas brancas...
Neste caminho é frequente que desconhecidos me cumprimentem, pois também eu pareço uma ave rara naquele espaço. Mesmo se vou muito metida comigo imaginando histórias em rostos ou espaços desconhecidos, sigo segura ultrapassando todos os que seguem na mesma direcção que eu, não é raro ouvir um bom dia, ou um, como é que está? 
Um destes dias, alguém encostado a uma parede, acompanhando a troca de passos rápidos e o anormal movimento acelerado, olha para mim e pergunta:
- Porquê tanta pressa? 
Sorri sem abrandar e sem resposta. Aquela pergunta ficou-me a ressoar! 

Porquê tanta pressa? 
Não vou atrasada, mas sigo apressada.
A pergunta continua a fazer sentido colocar-se, até num domingo.
Porquê tanta pressa?



Antigas instalações do Banco Nacional da Guiné-Bissau (anos 70 do séc. XX)

1 comentário:

  1. A pressa pode significar não saborear o caminho, mas também pode significar segurança no sentido de saber para onde se vai e se quer chegar. "não te detenhas no caminho"

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