Não sou judia nem evangélica e por isso a dimensão sagrada deste dia vem da possibilidade de nele caber tudo, mesmo o nada.
Os sábados ordinários. Os sábados que permitem que não me preocupe com as horas a que me deito na sexta-feira, ou que me preparam para um noite sem horas. É aquele dia da semana em que o despertador toca para poder despertar apenas superficialmente.
Ter a manhã para sonhar, entre um rebolar na cama, tomar o pequeno almoço e voltar a deitar com um livro na mão que não é obrigatório acabar... leio até querer, até adormecer... voltar a acordar, voltar a ler, a comer... pegar no computador e ver só por ver, pegar no caderno e escrever...
Não ter de tomar banho, pentear ou vestir roupa... lavar os dentes sim e dormir a sesta, meditar... não me ouvir nem ouvir ninguém. Ficar.
Gosto de rituais, agendas, programo coisas e tenho sempre onde ir... contudo é o sábado que dá gosto e sentido ao que vivo com avidez... é o poder não fazer nada por opção, por gozo, por puro ócio, luxo, prazer ou simplicidade.
A minha vida tem de ter sábados... como tem de ter domingos e segundas e todas as feiras onde me vendo e compro como sou e o que sou. E nos sábados sou e não sou. Estou e não estou... durmo, acordo, sonho, vejo, escrevo... e fico feliz e grata por não querer fazer nada, por fazer tudo por mim e comigo como se eu fosse a pessoa mais importante para mim e me bastasse para ser feliz com fruta no frigorífico e lençóis lavados.
Os sábados são assim, entre o sagrado e o profano onde me encontro e partilho comigo própria. São tão bons por isso, são fundamentais por isso. Eu sou o que sou graças aos sábados. E ainda bem. Gosto.
Os sábados são assim, entre o sagrado e o profano onde me encontro e partilho comigo própria. São tão bons por isso, são fundamentais por isso. Eu sou o que sou graças aos sábados. E ainda bem. Gosto.
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