![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCtOw66VkRPQuUT9aH9_Fi9HXHlXod7jmGE9VhO6D11ma4jMOTAcZHM9phbClIBfF_HtKhnA7A9lnBIaHVvEmZajhY5P803D4LmBL6EsxbgYpsPinNPMkPApuDfcFRxINRZwyVxk_e5FI/s320/antes+e+o+depois.jpg)
Fazer 40 anos significa que vivi coisas conscientes e
assumidas há mais de vinte, tenho amigos a sério (e dos bons) há
mais de vinte anos, carta há mais de vinte anos… Fiz um curso sem
computador, ouvia música no gira-discos, discava números, via patinagem artística na televisão, lembro-me de estreias que agora são clássicos, e participei na impressionante mobilização por Timor ou nas "manifs" contra as propinas.
É bom pertencer a uma tal geração X que acredita que o melhor está para vir, porque se compromete e envolve nisso.
É bom pertencer a uma tal geração X que acredita que o melhor está para vir, porque se compromete e envolve nisso.
Estes anos trouxeram muita coisa boa, muita coisa linda,
muita coisa feliz e muita outra coisa! Trouxeram tudo o que levo na bagagem (o Pessoa diz isto mais bonitinho, é só procurar). Olho para trás e sou profundamente grata ao mistério da vida e aos milagres que
me aconteceram, ao amor, aos perdões que consegui conquistar à consciência (e aos outros), e
ao desprendimento que vou treinando (ou desejando) em cada passo.
O que mais me espanta são os milagres em forma de gente que foram e vieram neste mar de tempo. Umas de passagem, umas para sempre, umas
que regressam com as marés, outras que eram para sempre e se afundaram, umas
que não eram nada e passaram a ser, e já amo aquelas que ainda vão ser trazidas pelo
vento.
Nestes vinte anos de tempo, nesta maré de vida que segue as
luas e as estações, foram as pessoas os verdadeiros milagres, a partícula de
Deus. Os verdadeiros portos de abrigo, embarcações seguras e remos fortes que
possibilitaram dar novos mundos ao meu mundo, chegar a sítios nunca dantes visitados.
Foi com gente real que tracei o mapa que me conheço… Gente feliz e gente
triste, gente boa e gente à procura. Gente linda. Gente que me desinstalou, que amei e perdoei,
gente que é de todo insubstituível na minha geografia.
Muitos não mais ouvirão falar de mim, uns terão más
recordações, alguns quererão ainda entrar no barco e outros nunca sairão de mim
como eu nunca sairei deles.
É isto que é fazer 40 anos… Conseguir rir das piadas de
solteironas ou das músicas do Roberto Carlos, e dizer em voz alta, eu estou aqui
e amo o que sou. Eu estou aqui inteira e feliz para o tempo que vier, sejam horas
ou anos. Daqui até aos sessenta são mais vinte que se adivinham poderem ser ainda
mais rápidos do que aqueles que me trouxeram até aqui… A sorte é que para os
vivermos vamos ficando menos ágeis… menos rápidos na corrida e mais tranquilos
de coração. O desacelerar é uma das grandes obras da criação…
Aos amores e desamores, a quem ralhei e a quem abracei, com
quem ri e com chorei, a quem desiludi e a quem surpreendi, com quem caminhei, caí ou voei… Com todos celebro a vida e agradeço o tanto bem recebido,
agradeço o que aprendo e o tanto que ainda está para aprender.
Nesta maré viva em que o presente é o mais eterno dos momentos, só faz sentido dizer obrigada e sorrir. Amo-vos, amo-me e quero que cresça em nós esta lamechice de nos sentirmos perto, vivos e livres todos os dias. Obrigada pelo mar que são em mim. Estamos todos de parabéns. Obrigada.
Nesta maré viva em que o presente é o mais eterno dos momentos, só faz sentido dizer obrigada e sorrir. Amo-vos, amo-me e quero que cresça em nós esta lamechice de nos sentirmos perto, vivos e livres todos os dias. Obrigada pelo mar que são em mim. Estamos todos de parabéns. Obrigada.
Sem comentários:
Enviar um comentário