Estou "quase sozinha" numa ilha deserta, 35 graus e um mar Atlântico sereno pela frente. Estou ao lado de uns coqueiros enormes, não debaixo, que muito ouvi falar de cocos que caem em quem se habilita, pela gravidade, a embates desnecessários.
Estou deitada na toalha naquela espera preguiçosa que imprime no corpo o sol que o dourará para os dias dentro de um escritório.
Tenho os olhos fechados e o pensamento sem trela imaginando que não poderá fugir desta ilha a não ser que vá a nado, e por isso não irá longe, que não está assim em tão boa forma física.
Nenhum, dos poucos trabalhadores desta pequena ilha, provenientes das ilhas vizinhas e habituados a cozinhar a carvão, alguma vez imaginou que o som dos coqueiros seja igual ao som da lenha de oliveira quando arde lentamente num fogo que aquece por dentro. Nem eu em frente a uma lareira imaginei que os coqueiros ao vento teriam o som que aquece pés frios.
Agora em qualquer um dos hemisférios poderei recordar bons momentos, e em qualquer um deles poderei viajar sem precisar de outra ajuda que não seja o silêncio para ouvir memórias e para construir memórias. Em ambos os casos a cor de fundo é o dourado e o tom de fundo a gratidão.
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