Ao cair do dia ponho em ordem as respostas por dar às mensagens digitais que pedem tempo e coração à pena, que é como quem diz ao teclado.
É bom ter espaço para poder partilhar sem distância com quem está longe. Uma evidência que é medida em quilómetros deixa de ser mensurável se medida com o coração.Num destes dias procurei por algum tempo uma palavra que sintetizava o que tinha sentido num encontro recente com uma grande amiga. Por mais que procurasse não encontrei nas letras que tinha uma conjugação ajustada ao momento. Escrevi várias e assim seguiu a mensagem fiel ao sentir e ao momento. Adormeci agradecida.
Na manhã seguinte, ao me aperceber dos primeiros sinais de luz a entrarem pela janela e ainda no limbo dos sonhos que nos acordam para a vida, a palavra veio delicada e sorridente ter comigo. Retribuí o sorriso ao ver chegar sem esforço aquilo que poderia ter escrito no dia anterior.
A palavra era "comunhão" e foi ela que me encontrou adormecida e sonhadora naquela manhã de feriado.
Os nossos tempos talvez sejam balanceados entre este procurar sem preguiça e este deixarmo-nos encontrar sem medo.
Abandonarmo-nos à confiança do encontro pode ser um desafio neste tempo de produtividade e imediatismo, porque exige mais descanço e presença no sonho que força na vontade dos músculos.
Confio nos encontros.