Já vos aconteceu acordarem e não saberem por brevíssimos instantes onde estão, que horas são... Viver aquele sensação fugaz de ter o cérebro desligado e ter de esperar frações de segundos para nos localizarmos no espaço tempo da nossa existência.
Hoje foi um desses dias. Acordei com o som do "amola tesouras", saltei da cama e fui espreitar. O som encantado puxava-me para a rua e para um tempo que ainda não tinha acertado no meu relógio. Abri a janela para que o som entrasse em mim e para que, nele, me encontrasse ao acordar. Respirei, abri os olhos e vi aparecer de trás do prédio, num ritmo sereno, o amolador, apoiado na sua bicicleta. Foquei-lhe a cara, admirei-lhe a flauta... E acordei quando lhe vi a máscara cirúrgica no queixo. Situada, voltei para a cama e desejei adormecer de novo e sonhar com o tempo que há-de vir.